Tomar abrange uma área territorial de 351,2 km2 na região Centro (NUTS II) e sub-região do Médio Tejo (NUTS III), em plena zona de convergência das regiões naturais do Alto Nabão, Bairro e Albufeira do Castelo de Bode. O concelho é atravessado pelo rio Nabão e nas suas onze freguesias habitam 40.674 tomarenses.
A nível concelhio é delimitado por Ferreira do Zêzere (norte), Ourém (norte e noroeste), Abrantes (este), Vila Nova da Barquinha (sul) e Torres Novas (sudoeste e oeste).
São inúmeras as evidências arqueológicas no território relativas à presença humana numa fase preliminar do processo de sedentarização, nomeadamente a Gruta do Caldeirão (Pedreira), que serviu como necrópole e acampamento temporário a partir do Paleolítico Médio, e as antas neolíticas do Casalinho/Vale da Laje (Serra).
A Antiguidade trouxe a fundação de Nabância no século I a.C., povoação atravessada pelo rio Nabanis, situada nas redondezas da urbe proeminente que o imperador Augusto fundaria no século seguinte e apelidaria de Sellium. Esta última integrava a rede viária romana que unia Olisipo (Lisboa) a Bracara Augusta (Braga) e a Emerita (Mérida), bem como a rota comercial vinícola que incluía províncias mediterrânicas. O dia a dia passava-se entre as “insulae” (prédios de habitação) e o fórum romano com a sua praça pública, a basílica (tribunal) e as “tabernae” (lojas), cujas ruínas subsistem na atualidade.
A cidade foi abandonada na segunda metade do século V e repovoada a partir do século XII, altura em que D. Afonso Henriques conquistou a região aos mouros (1147) e a doou por carta régia à Ordem do Templo (1159), integrada no termo de Ceras. Em 1160, o mestre templário D. Gualdim Pais iniciava a construção do Castelo de Tomar e da charola do Convento de Cristo, no ano de 1162 atribuía o primeiro foral à localidade e mais tarde edificava a igreja primitiva de Santa Maria do Olival, que daria lugar ao atual templo religioso de estilo gótico onde se encontra sepultado.
Aos templários se deve, igualmente, a instalação dos primeiros moinhos e lagares, entre os quais se encontravam os lagares de azeite da Ribeira da Vila, servidos pelo Açude dos Frades e referidos pelo rei D. Dinis na Real Sentença de julho de 1295.
A Ordem do Templo estabeleceu-se definitivamente na vila em meados do século XIV (1356) e o complexo militar e religioso ganhou relevo junto da coroa. O local seria escolhido pelo Infante D. Henrique, filho de D. João I, para a edificação do seu Paço (1420) e alvo de obras de transformação e ampliação nos reinados de D. João III e D. Manuel I, culminando na edificação do Aqueduto dos Pegões em pleno domínio filipino (século XVII). No mesmo período registou-se o desenvolvimento e posterior declínio da comunidade judaica, protegida pelo Infante D. Henrique na fase de construção da Sinagoga, e expulsa pelo édito de D. Manuel I.
Ainda sob a governação manuelina verificou-se um crescimento acentuado na vila ribeirinha, com a deslocação por ordem régia da população intramuros do castelo para as margens do Nabão, a ampliação dos lagares de azeite da Ribeira da Vila, que a partir de então passaram a denominar-se Lagares d’El Rei, e a atribuição de um novo foral no ano de 1510.
A prosperidade da região seria acentuada pelo estímulo industrial promovido pelo Marquês de Pombal no século XVIII, época em que os franceses Jácome Ratton e Timotheo Lecussan Verdier fundaram a “Real Fábrica de Fiação de Tomar” (1789), o primeiro espaço fabril nacional a utilizar iluminação elétrica nas suas instalações com recurso a uma central que explorava um açude no rio Nabão.
A extinção das ordens religiosas e militares no ano de 1834 poderia ter vaticinado o declínio dos domínios outrora templários, porém Tomar não só sobreviveu como evoluiu nos séculos XIX e XX, conquistando a quinta torre do seu brasão por despacho régio de D. Maria II (1844) e tornando-se numa das primeiras cidades em território português a usufruir de energia elétrica, cuja concessão de distribuição foi adquirida em 1910 pelo influente empresário Manuel Mendes Godinho. A memória templária foi perpetuada no mesmo ano com a classificação de algum património como Monumento Nacional, entre o qual se destaca o conjunto arquitetónico Castelo-Convento de Cristo, que em 1983 passaria a integrar a lista do Património Mundial da UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization.
O município tem a sua sede na cidade de Tomar e integra as freguesias de Asseiceira, Carregueiros, Olalhas, Paialvo, Sabacheira, São Pedro de Tomar, União das Freguesias de Além da Ribeira e Pedreira, União das Freguesias de Casais e Alviobeira, União das Freguesias de Madalena e Beselga, União das Freguesias de Serra e Junceira e, por fim, União das Freguesias de Tomar (São João Baptista) e Santa Maria dos Olivais. A população das dez freguesias é maioritariamente adulta e apresenta idades compreendidas entre os 25 e os 64 anos.
Os mais de 45 km2 abrangidos pela União das Freguesias de Serra e Junceira contribuem para que esta seja a maior freguesia do concelho, por oposição a Carregueiros, cuja área não atinge os 13 km2. No que respeita à população residente, a União das Freguesias de Tomar (São João Baptista) e Santa Maria dos Olivais detém os valores mais elevados, acolhendo 45% dos cidadãos e ultrapassando os 600 habitantes por km2. Por seu lado, a Sabacheira revela-se a freguesia menos populosa, com um total inferior a 1000 habitantes, e com menor densidade demográfica, não atingindo os 30 habitantes por km2.
O tecido empresarial de Tomar encontra-se especializado nas indústrias da madeira e derivados (fabrico de mobiliário e papel, serração e carpintaria), agroalimentar (frutas, azeite e vinho) e materiais de construção, a par dos serviços no comércio, hotelaria e restauração.
O concelho integra cerca de 15% da população empregada no Médio Tejo e é sede de igual percentagem de sociedades e empresas, mais de 4.800, na sua maioria direcionadas para as atividades ligadas ao comércio por grosso e a retalho, à construção e ao alojamento, restauração e similares. No que respeita ao mercado de trabalho, que engloba cerca de 14.600 trabalhadores, quase 75% estão empregados no setor terciário e mais de 20% no setor secundário. O setor primário tem pouca relevância, ainda que o número de explorações agrícolas registadas se aproxime dos dois milhares.
Tomar é um concelho que convida a...
Em suma, descobrir Tomar é comparar estilos arquitetónicos separados por séculos em edifícios contíguos, constatar a multiplicidade de expressões religiosas e culturais, decifrar o simbolismo templário, abrandar o ritmo no cenário idílico da albufeira e estimular os sentidos com diversas formas de arte ou um adocicado Beija-me Depressa. Os monumentos classificados no concelho são significativos e destacam-se por integrarem as listas do património nacional e mundial.
Ao longo do ano, o concelho celebra e partilha a sua identidade:
com o Tomarimbando – Festival Internacional de Percussão (julho), o Festival Bons Sons (bienal, agosto), o Festival de Estátuas Vivas (setembro) e ciclo musical “Cantar Natal”
ao destacar sabores inconfundíveis nas mostras da Lampreia (fevereiro/março), “De Tomar e dos Conventos – Doçaria Tomarense” (abril) e de “Todos com o Feijão… o Feijão com Todos” (outubro), sem esquecer o afamado Congresso da Sopa (maio)
perpetuando a essência da Ordem do Templo na Festa Templária (maio), bem como o culto do Espírito Santo e a comemoração das colheitas na Festa dos Tabuleiros, caracterizada pelas ruas engalanadas de flores, as vestes tradicionais e o simbolismo do Grande Cortejo (quadrienal, julho)
solenizada com o ritual único de partir cruzes na Festa da Aleluia/Matança dos Judeus (Páscoa), a peregrinação do Círio de Nossa Senhora da Piedade (setembro), a procissão da Festa do Senhor do Jesus das Necessidades (setembro), bem como as cerimónias e a animação popular da Feira de Santa Iria/das Passas (outubro)
pela organização do Encontro de Reiseiros (janeiro), do Encontro Nacional de Colecionadores (fevereiro) e do Mercado da República, que recorda o início do século passado nas bancas e nos trajes (outubro)
FONTES
CIMT - Portal do Empreendedor, Fundação Francisco Manuel dos Santos (PORDATA – Base de Dados Portugal Contemporâneo), IGESPAR - Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, IGP - Instituto Geográfico Português (CAOP), INE – Instituto Nacional de Estatística (Censos 2011 e Recenseamento Geral da Agricultura 2009), Reorganização Administrativa de Freguesias (Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro), sites institucionais dos municípios associados e respetivas juntas de freguesia - informação recolhida em setembro de 2013.