O concelho da Sertã ocupa uma zona montanhosa com 446,7 km2 na sub-região do Médio Tejo (NUTS III), integrada na região Centro (NUTS II). A delimitação do território a oeste pelo rio Zêzere contribui para a extensa mancha de água deste município, que totaliza 15.880 sertaginenses em dez freguesias.
A nível concelhio é confinado por Pampilhosa da Serra (norte), Oleiros (nordeste e este), Proença-a-Nova (sudeste), Vila de Rei e Mação (sul), Ferreira do Zêzere (sudoeste), Figueiró dos Vinhos (oeste) e Pedrógão Grande (noroeste).
Os primeiros indícios de atividade humana no território datam da Pré-História (Calcolítico, Idade do Bronze e Idade do Ferro) com a construção dos castros de Nossa Senhora da Confiança (Pedrógão Pequeno) e de Santa Maria Madalena (Cernache do Bonjardim), a par de expressões artísticas rupestres como as insculturas da Fechadura (Figueiredo), da Lajeira (Ermida) e da Fonte das Rimas (Ermida).
O castelo terá sido fundado na Antiguidade pelo general romano Quinto Sertório, enquanto administrou o território (74 a.C.), sendo atribuída ao seu nome uma das possíveis origens do topónimo “Sertã”. A ocupação romana tem sido, igualmente, evidenciada por achados em todo o concelho, como os das estações arqueológicas da Mata Velha (Sertã) e da serra da Longra (Marmeleiro) ou as inscrições de Roqueiro (Pedrógão Pequeno) e da Castanheira (Ermida).
Uma parte significativa dos vestígios do domínio árabe concentra-se na área do castelo, reconstruído no seguimento da repovoação da região em plena época da Reconquista Cristã pelo cruzado D. Henrique de Borgonha, primeiro conde do Condado Portucalense. Anos mais tarde, o seu filho D. Afonso Henriques, criava o reino de Portugal (1139) e concedia a região à Ordem dos Templários (1165) que, por sua vez, a transferiu para a Ordem do Hospital (1174), dando início a cinco séculos de influência dos hospitalários.
No século XIV, a partir de 1340, os superiores desta Ordem passaram a designar-se Priores do Crato e um deles, D. Álvaro Gonçalves Pereira, estabelecer-se-ia na zona de Cernache do Bonjardim, onde em 1360 nasceu o filho Nuno Álvares Pereira. O Santo Condestável teria como conterrâneo e amigo Gonçalo Rodrigues Caldeira, o Roas, cavaleiro indispensável na batalha de Aljubarrota.
Durante o período em que D. Vasco de Ataíde deteve o grão-priorado e D. Afonso V governou o reino, o lugar de Pedrógão Pequeno foi atribuído através de carta de prazo, muito semelhante ao foral, a D. Diogo da Silveira, um escrivão do rei que elevaria a povoação a vila. Nessa altura, em 1455, a Sertã conquistou a mesma categoria na carta de foro atribuída por D. Afonso V e em menos de um século ambas as localidades recebiam novos forais, outorgados por D. Manuel I a 20 de outubro de 1513.
A edificação das igrejas matrizes de Pedrógão Pequeno (Imóvel de Interesse Público desde 1993) e de Cernache do Bonjardim teve início em meados do século XVI, surgindo a primeira nos registos da Confraria do Santíssimo Sacramento (1551). A Ordem de Malta, designação da Ordem do Hospital a partir de 1530, detinha ainda no território a Confraria de Nossa Senhora do Rosário.
No contexto histórico do domínio filipino destacam-se as primeiras décadas do século XVII, quando a ribeira da Sertã passou a ser transponível pela Ponte da Carvalha, igualmente conhecida por Ponte Velha, da Várzea ou Romana, que obteve classificação como Monumento de Interesse Público em 2013.
A Sertã integrou a lista de alcaidarias-mores do Priorado do Crato até à sua integração na Casa do Infantado no ano de 1665. No século XVIII, em 1790, a rainha D. Maria I confirmou o documento pontifício que Pio VI selara no ano anterior com o objetivo de integrar a administração do Priorado do Crato na Casa do Infantado. Até essa data diversos alcaides-mores pertenceram à família Caldeira (séculos XV e XVI), tendo a transmissão dos domínios passado a realizar-se por via não hereditária.
Com o século XIX chegaram as Invasões Francesas e a destruição que lhes estava inerente, sobretudo na incursão realizada pelas tropas do general Massena (1811), bem como a extinção e integração do concelho de Pedrógão Pequeno no município da Sertã devido à reforma administrativa de 1836.
O início do século XX ficou marcado pelo contributo da região para a Implantação da República através da disseminação dos ideais republicanos por figuras notáveis nascidas no concelho, como Albano Portugal Durão, membro do Partido Republicano Português, ministro e presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1925).
A vila da Sertã é a sede deste município composto pelas freguesias de Cabeçudo, Carvalhal, Castelo, Pedrógão Pequeno (vila), Sertã (vila), Troviscal, União das Freguesias de Cernache do Bonjardim (vila), Nesperal e Palhais, União das Freguesias de Cumeada e Marmeleiro, União das Freguesias de Ermida e Figueiredo e, por fim, Várzea dos Cavaleiros. O concelho apresenta valores populacionais elevados na faixa etária dos 25 aos 64 anos, com exceção da União das Freguesias de Cumeada e Marmeleiro, onde a maioria dos habitantes tem idade igual ou superior a 65 anos.
As áreas geográficas das dez freguesias situam-se entre os cerca de 100 km2 da União das Freguesias de Cernache do Bonjardim, Nesperal e Palhais e os quase 10 km2 de Carvalhal. Os valores populacionais colocam em extremos opostos as freguesias de Sertã, que ronda os 6.200 habitantes, e a União das Freguesias de Ermida e Figueiredo, com um número 14,5 vezes menor. Esta última freguesia destaca-se, igualmente, pela baixa densidade demográfica (10hab/km2) e contrasta com a de Cabeçudo, que supera os 95 habitantes por km2.
O tecido empresarial do concelho evidencia-se em áreas relacionadas com a exploração florestal (cortiça e silvicultura), as indústrias da madeira e derivados (extração e transformação, fabrico de mobiliário e papel), dos materiais de construção (construção civil), agroalimentar (ex. carnes e queijos), do corte e acabamento de pedra (mármores e cantarias), dos têxteis (confeções) e da produção de energia elétrica (eólica, hídrica e biomassa), bem como o comércio e serviços.
O número de sociedades e empresas desta região supera as 1.700, cerca de metade das quais dedicadas ao comércio por grosso e a retalho e à construção. A população empregada no setor terciário quase atinge dois terços do total e o setor secundário ronda os 30%. A expressão do setor primário é mais reduzida, englobando 6,5% dos trabalhadores, ainda que o número de explorações agrícolas registadas a nível municipal seja o quarto mais elevado do Médio Tejo.
Sertã é um concelho que convida a...
Em suma, visitar a Sertã é explorar incontáveis cursos de água e albufeiras, frequentar clubes culturais com tradição secular, conhecer vivências religiosas de clausura e evangelização, atravessar pontes históricas e degustar Cartuchos de Amêndoa à moda de Cernache numa ruela típica das aldeias rústicas. O património classificado valoriza a arquitetura e recheio das igrejas, a par dos imóveis históricos como os pelourinhos e as pontes.
Quer conhecer melhor este concelho e a região do Médio Tejo?
Poderá fazê-lo durante a sua visita à Casa de Espetáculos e da Cultura, no espaço virtual PACAD - Programa de Animação Científica Artística Digital (parceria CIMT/Câmara Municipal de Sertã).
Ao longo do ano, o concelho celebra e partilha a sua identidade:
pela promoção das letras nas 24 horas da Maratona de Leitura (julho) e a organização de diversas feiras do livro, nomeadamente as de verão (agosto) e de Natal (novembro/dezembro)
através do Festival de Gastronomia do Maranho e do Bucho (julho)
com a Romaria de São Nuno de Santa Maria (abril), as cerimónias ao longo da Quaresma, que incluem o Sábado Gordo e os Passos, bem como as celebrações realizadas em honra de S. Pedro (junho), Nossa Senhora dos Remédios (agosto), Nossa Senhora da Confiança (setembro) e Nossa Senhora da Graça (outubro)
ao realizar a Mostra do Santo Condestável, que inclui folclore e jogos tradicionais, a Feira Franca (ambas em agosto), as feiras anuais de Cernache do Bonjardim e Pedrógão Pequeno (agosto/setembro) e a Feira das Varas (outubro)
FONTES
CIMT - Portal do Empreendedor, Fundação Francisco Manuel dos Santos (PORDATA – Base de Dados Portugal Contemporâneo), IGESPAR - Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, IGP - Instituto Geográfico Português (CAOP), INE – Instituto Nacional de Estatística (Censos 2011 e Recenseamento Geral da Agricultura 2009), Reorganização Administrativa de Freguesias (Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro), sites institucionais dos municípios associados e respetivas juntas de freguesia - informação recolhida em setembro de 2013.