O Sardoal estende-se por uma área de 92,1 km2, integrando as unidades territoriais da região Centro (NUTS II) e sub-região do Médio Tejo (NUTS III). As quatro freguesias que constituem o município são habitadas por 3.941 sardoalenses e apresentam paisagens predominantemente florestais, com características que oscilam entre as lezírias ribatejanas e os terrenos montanhosos das serras beirãs.
A nível concelhio é limitado por Vila de Rei (norte), Mação (este) e Abrantes (sul e oeste).
O território cujo topónimo é associado ao sardão (Lacerta lepida), o maior lagarto da Península Ibérica, teve ocupação humana desde a Pré-História e entre os vestígios arqueológicos mais antigos encontra-se o povoado do Castelo de Vale das Mós, que terá surgido no final da Idade do Bronze/início da Idade do Ferro.
Durante o período em que integrou a Lusitânia romana, mais especificamente no século III, a zona de Valhascos foi eleita como esconderijo para duzentas moedas (antoninianos) e o local viria a revelar-se eficaz na medida em que o tesouro foi descoberto apenas dezasseis séculos mais tarde (1889). A peugada do povo árabe, por seu lado, é imaterial e consiste na denominação “Al karavan”, que evoluiu para Alcaravela, nome de uma freguesia do atual município.
Os reis portugueses incluíram a região nas suas viagens ao longo dos séculos que intercalaram a atribuição do primeiro foral, outorgado pela rainha Santa Isabel de Aragão durante o reinado de D. Dinis (1313), e a elevação do Sardoal a vila com termo independente de Abrantes por D. João III (1531/32). O pelourinho surgiu nessa altura na praça anexa aos Paços do Concelho, atual Praça da República, tendo sido substituído por uma réplica no ano seguinte à sua classificação como Imóvel de Interesse Público (1933).
A Capela do Sagrado Coração de Jesus, que ladeia o arco triunfal da Igreja Matriz do Sardoal, recebia então as sete tábuas de madeira de carvalho pintadas a óleo por Vicente Gil e Manuel Vicente, cuja oficina era muito apreciada pela corte. O trabalho destes artistas de Coimbra foi encomendado pela família Almeida, detentora do título nobiliárquico de Conde de Abrantes e Senhor de Sardoal entre os anos 1476 e 1650, tendo ficado conhecido por retábulo do Mestre do Sardoal.
A Santa Casa e a Igreja da Misericórdia foram fundadas no mesmo período (1509 e 1511), poucos anos antes de Gil Vicente levar a cena a “Farsa do Juiz da Beira” (1525) e “A Tragicomédia Pastoril da Serra da Estrella” (1527), dois autos que exaltavam o temperamento festivo dos sardoalenses. Um dos diálogos da última peça, que ocorre entre a serra e o folião Lopo, foi imortalizado por Gabriel Constant no painel cerâmico colocado em 1934 numa parede exterior da Capela do Espírito Santo.
Na segunda metade do século era fundado o Convento de Santa Maria da Caridade dos Franciscanos Menores da Província da Soledade, cujo padroado pertenceu a D. Gaspar Barata de Mendonça, primeiro arcebispo da Baía (1676) e membro da família influente que mandou edificar o solar de arquitetura barroca conhecido por Casa Grande ou Casa dos Almeidas, provavelmente construído sobre uma antiga residência dos Condes de Abrantes.
A capela-mor da igreja matriz da vila foi sujeita a obras de remodelação durante a época barroca portuguesa (finais do século XVI/meados do século XVIII), salientando-se o revestimento das paredes laterais com dois painéis de azulejo azul e branco, da autoria de Gabriel del Barco (1701). A igreja matriz e respetivo recheio, entre o qual também se salienta o retábulo joanino de talha dourada, foram classificados como Imóvel de Interesse Público em 1930.
Os exércitos dos generais Junot e Massena provocaram marcas profundas de vandalismo nesta região durante a primeira e terceira invasões francesas (1807 e 1810/11), respetivamente. No entanto, o concelho recuperou dos saques e da profanação dos templos religiosos com o carisma das personagens criadas por Gil Vicente, ostentando desde o século XX a designação de “Vila Jardim”.
O concelho encontra-se sedeado na vila de Sardoal e é constituído pelas freguesias de Alcaravela, Santiago de Montalegre, Sardoal e Valhascos. Entre a população residente destaca-se a faixa etária dos 25 aos 64 anos, que engloba cerca de metade dos habitantes.
O território divide-se em quatro freguesias, cujas dimensões oscilam entre os 37 km2 de Alcaravela, superior a um terço da área municipal, e pouco acima dos 8 km2 de Valhascos. A freguesia de Sardoal excede 60% do total de habitantes e apresenta uma densidade populacional próxima dos 90 habitantes por km2, contrastando com os valores demográficos na freguesia de Santiago de Montalegre, que acolhe 6% da população e não ultrapassa os 13,5 habitantes por km2.
A ampla mancha florestal existente no município, em que se destaca o pinhal, propiciou o surgimento e especialização de atividades económicas relacionadas com a exploração florestal, a indústria da madeira (serração e carpintaria, fabrico de mobiliário e papel), a agricultura e o comércio.
Quase 40% das sociedades e empresas constituídas no Sardoal dedicam-se ao comércio por grosso e a retalho e à construção, seguidas pelas indústrias transformadoras, que ultrapassam os 12%. Uma percentagem significativa da população encontra-se empregada no setor dos serviços (terciário), mais de 70%, e cerca de um quarto trabalha no setor secundário. O setor primário carateriza-se pela predominância de explorações agrícolas com dimensões entre um e cinco hectares e abrange menos de 3% da população empregada.
Sardoal é um concelho que convida a...
Em suma, conhecer o Sardoal é usufruir das artes e da cultura, deixar-se levar pelas calçadas das ruelas, desvendar quintas e solares centenários, conhecer expressões de fé que oscilam entre a simplicidade da rocha e a opulência da talha dourada e relaxar em recantos verdes com o som da água e o sabor de uma Tigelada. Entre os diversos imóveis que constituem o património classificado do concelho evidenciam-se os templos religiosos e os edifícios históricos.
Quer conhecer melhor este concelho e a região do Médio Tejo?
Poderá fazê-lo durante a sua visita à Biblioteca Municipal, no espaço virtual PACAD - Programa de Animação Científica Artística Digital (parceria CIMT/Câmara Municipal de Sardoal).
Ao longo do ano, o concelho celebra e partilha a sua identidade:
com o extenso cartaz da Mostra de Teatro (novembro a maio)
através da organização do Festival Hípico (setembro)
pela realização da Feira Nacional do Fumeiro, Queijo e Pão (setembro)
ao comemorar a elevação a vila nas Festas do Concelho (setembro)
eternizada na Semana Santa, com a criação dos tapetes de flores e verduras naturais nas igrejas e capelas, a procissão dos Passos do Senhor (quinze dias que antecedem a Páscoa), a procissão noturna dos Fogaréus (quinta-feira Santa), o teatro de rua que recria a Paixão de Cristo e um mercado de época (sábado Santo), bem como a Festa do Espírito Santo/do Bodo (domingo de Pentecostes)
divulgando usos e costumes com o Festival de Folclore de Alcaravela (maio) e valorizando o comércio de utilidades para o lar e a agricultura no Mercado de janeiro, na Feira da Primavera (maio), na Feira Mostra de Alcaravela (agosto) e na secular Feira de S. Simão/da Fossa, igualmente afamada pelos cereais e frutos secos (outubro)
FONTES
CIMT - Portal do Empreendedor, Fundação Francisco Manuel dos Santos (PORDATA – Base de Dados Portugal Contemporâneo), IGESPAR - Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, IGP - Instituto Geográfico Português (CAOP), INE – Instituto Nacional de Estatística (Censos 2011 e Recenseamento Geral da Agricultura 2009), Reorganização Administrativa de Freguesias (Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro), sites institucionais dos municípios associados e respetivas juntas de freguesia - informação recolhida em setembro de 2013.