O concelho de Ferreira do Zêzere está incluído nas unidades territoriais da região Centro (NUTS II) e sub-região do Médio Tejo (NUTS III). O seu território abrange uma área total de 190,4 km2 e é profusamente marcado a este pelo rio Zêzere em quatro das sete freguesias, onde habitam 8.619 ferreirenses.
A nível concelhio é confinado por Figueiró dos Vinhos (norte), Sertã (nordeste), Vila de Rei (este e sudeste), Tomar (sul), Ourém (sudoeste e oeste) e Alvaiázere (noroeste).
A área que presentemente forma o concelho de Ferreira do Zêzere despertou interesse na espécie humana ao longo dos milénios, encontrando-se alguns dos vestígios arqueológicos mais antigos no povoamento paleolítico da Gruta de Avecasta (Areias), classificado como Sítio de Interesse Público desde 2013. A ocupação humana estendeu-se ao domínio romano (castros, sepulturas e inscrições lapidares), à invasão árabe (sepulturas em afloramentos rochosos na serra de São Paulo do Beco) e ganhou contornos nacionais a partir do século XII, com a reconquista cristã.
O documento oficial de doação do castelo e termo de Ceras por D. Afonso Henriques à Ordem do Templo (1159) incluía nas “terras de riba-Zêzere” metade desta região e alguns dos terrenos seriam concedidos mais tarde por D. Sancho I a proprietários individuais. Entre eles encontravam-se o besteiro Pedro Ferreiro, que recebeu a herdade de Vale de Orjais como recompensa por atos corajosos (1190) e D. Pedro Afonso, filho ilegítimo de D. Afonso Henriques, que passou a deter parte do reguengo de Monsalude (1200).
Muitas povoações e lugarejos passaram a integrar o património templário, sendo Dornes entregue por D. Pedro Afonso à Ordem do Templo seis anos depois e constituída comenda no mesmo quarto de século (1225). A fortaleza romana existente no local serviu de base para a edificação de uma torre defensiva de cinco faces, característica arquitetónica distintiva, que mais tarde passaria a sinaleira e em 1943 conquistaria a classificação de Imóvel de Interesse Público.
Ainda no século XIII, uma fração da herdade de Vale de Orjais foi adquirida pelo alcaide-mor de Tomar, Pedro Alvo, que aí fundou a povoação de Águas Belas e as restantes terras receberam foral de Pedro Ferreiro e Maria Vasques, sua esposa (1222). A recente “Vila Ferreiro” ou “Ferreira” seria subordinada ao concelho de Vila de Rei pela carta de foro outorgada por D. Dinis (1285) e doada à Ordem do Templo em 1306.
A comenda de Pias foi das últimas a ser constituída, tendo surgido no seguimento da transição das propriedades templárias para a Ordem de Cristo a partir de 1319. A sua sede localizava-se na povoação de Areias, cuja igreja matriz data do século XV e foi reconstruída pelo arquiteto espanhol João de Castilho em 1548.
Na segunda metade do século XIV, a união de Vale de Orjais e Águas Belas formou o morgado de Águas Belas, pertença de Álvares Fernandes, escudeiro do Infante D. Pedro, que o entregou a Rodrigo de Álvares Pereira, irmão do Santo Condestável e primeiro Senhor de Águas Belas. O rei D. Manuel I atribuiria novos forais a Águas Belas, “Vila Ferreira” e Dornes no ano de 1513 e com o tempo registaram-se outras alterações significativas no território, nomeadamente a elevação efetiva de Ferreira a vila e município autónomo de Vila de Rei em 1517, a par da integração da comenda de Dornes na Casa do Infantado a partir de 25 de maio de 1656.
A reforma administrativa projetada por Rodrigo da Fonseca Magalhães (1836) e a construção da barragem de Castelo de Bode (1946 – 1951) contribuíram decisivamente para a atual configuração de Ferreira do Zêzere, com a integração de Águas Belas, Dornes e Pias no concelho e a deslocação das populações devido à subida do leito do Zêzere. O topónimo atual deve-se à proximidade desse rio, cujas paisagens inspiraram personalidades notáveis das artes e das letras, como o pintor José Malhoa, o ator Francisco Taborda ou o escritor/compositor Alberto Keil, que tinham como ponto de encontro regular a antiga Estalagem dos Vales.
As freguesias de Águas Belas, Beco, Chãos, Ferreira do Zêzere, Igreja Nova do Sobral, Nossa Senhora do Pranto e União das Freguesias de Areias e Pias constituem este município, sedeado na vila de Ferreira do Zêzere. A população é maioritariamente adulta, tendo uma parte significativa dos habitantes idades compreendidas entre os 25 e os 64 anos.
A área territorial ocupada por cada uma das sete freguesias varia entre os cerca de 14,5 km2 de Igreja Nova do Sobral e os mais de 45,5 km2 da União das Freguesias de Areias e Pias. No que respeita à população residente, os valores extremam-se nas freguesias de Chãos e de Ferreira do Zêzere, a primeira apresenta um valor abaixo dos 7% e a segunda situa-se acima dos 27%, correspondentes a mais de 2.350 habitantes. A densidade populacional segue a mesma tendência, verificando-se 60 habitantes por km2 em Ferreira do Zêzere e apenas metadena freguesia de Chãos.
A vasta mancha florestal existente no território, com predominância de pinheiro manso e eucalipto, tem profunda influência nas áreas de especialização produtiva em Ferreira do Zêzere, destacando-se a exploração florestal e as indústrias transformadoras da madeira (serração e carpintaria, fabrico de mobiliário e papel), alimentar (carnes), de rações, da cerâmica e das cimenteiras.
Mais de metade das empresas e sociedades do concelho direcionam-se para atividades relacionadas com o comércio e a construção, seguidas pelos espaços de alojamento, restauração e similares. O emprego gerado pelo setor terciário ultrapassa 55% da população empregada, seguido pelo setor secundário e, por último, o setor primário, que assimila cerca de 10% do mercado de trabalho e integra igual percentagem das explorações agrícolas registadas na região do Médio Tejo.
Ferreira do Zêzere é um concelho que convida a...
Em suma, vivenciar Ferreira do Zêzere é visitar os locais a que artistas e historiadores chamaram lar, sentir arrepios provocados pelo canto lírico, descobrir a riqueza admirável de santos e templos religiosos, tocar os sinos numa torre templária pentagonal e praticar desporto ou deleitar-se com os doces “Bons Maridos” nas margens do rio Zêzere. Entre o património classificado sobressaem as igrejas, os pelourinhos, as torres e os vestígios históricos da ocupação humana.
Quer conhecer melhor este concelho e a região do Médio Tejo?
Poderá fazê-lo durante a sua visita à Biblioteca Municipal Dr. António Baião, no espaço virtual PACAD - Programa de Animação Científica Artística Digital (parceria CIMT/Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere).
Ao longo do ano, o concelho celebra e partilha a sua identidade:
através da Feira do Livro (junho), do Zêzere Arts – Festival Internacional de Ópera e Canto Lírico (agosto) e do Festival Internacional do Acordeão (outubro)
pela organização da Feira da Cereja (maio) e uma agenda variada de festivais gastronómicos dedicados à Abóbora (janeiro), ao Lagostim de rio (abril), à Fava (maio) e às Migas (novembro)
com as cerimónias que integram a Festa de Nossa Senhora do Pranto, destacando-se os Círios de Dornes (domingos, segunda-feira de Pascoela até setembro) e a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora (agosto), as Festas do Concelho e as emblemáticas Marchas de Santo António (junho), a Festa de Nossa Senhora da Graça (setembro) e dezenas de festejos realizados em honra de outras divindades
com o revivalismo do início do século passado na Feira e Mostra de S. Brás (fevereiro), a Festa do Emigrante (agosto), encontros de folclore (setembro) e o Rally das Adegas (dezembro)
FONTES
CIMT - Portal do Empreendedor, Fundação Francisco Manuel dos Santos (PORDATA – Base de Dados Portugal Contemporâneo), IGESPAR - Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, IGP - Instituto Geográfico Português (CAOP), INE – Instituto Nacional de Estatística (Censos 2011 e Recenseamento Geral da Agricultura 2009), Reorganização Administrativa de Freguesias (Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro), sites institucionais dos municípios associados e respetivas juntas de freguesia - informação recolhida em setembro de 2013.