Constância localiza-se na confluência dos rios Tejo e Zêzere, região do Centro (NUTS II) e sub-região do Médio Tejo (NUTS III). O concelho é habitado por 4.056 constancienses e integra três freguesias numa área total de 80,3 km2, delimitada pelas serras de Aire e Candeeiros a oeste e nordeste, respetivamente.
A nível concelhio é contíguo a Abrantes (norte, este e sul), Chamusca (sul e oeste) e Vila Nova da Barquinha (noroeste).
Os primórdios do concelho estão associados ao encontro dos rios Tejo e Zêzere, outrora de tal forma impetuoso que o topónimo “Punhete”, pelo qual foi conhecido até ao século XIX, deriva da expressão latina “Pugna Tage”, isto é, a luta que a confluência dos caudais provocava no Tejo.
Vestígios arqueológicos, como a Cidade da Escória (Montalvo) e as ruínas do complexo termal da “villa” romana de Alcolobre (Santa Margarida da Coutada), comprovam a antiguidade da presença humana no território, a par dos registos históricos que atestam o fim da ocupação árabe em 1150 pela espada de Gonçalo Mendes da Maia, cavaleiro de D. Afonso Henriques conhecido por Lidador. Dois anos mais tarde, o Mestre Gualdim Pais ordenava a construção do castelo de Punhete com a sua torre sobre infraestruturas já existentes na foz do rio Zêzere, conjunto defensivo oficialmente cedido pelo rei à Ordem do Templo em 1169.
O porto fluvial contribuiu para o desenvolvimento da região a partir dos séculos XIV e XV, enquanto proeminente entreposto de mercadorias e comunicações entre o interior centro e a capital. A madeira, a lã, a cortiça, o carvão e os produtos agrícolas (azeite, cereais, vinho e mel) seguiam do Tejo e do Zêzere rumo à capital, cruzando-se com o sal, o artesanato e os adubos, que faziam o trajeto contrário.
Para a vila viajaram, igualmente, poetas, famílias de renome e reis. Estas terras receberam Luís de Camões durante o degredo provocado pela suposta ligação com D. Catarina de Ataíde (1548 a 1550), período em que viveu numa casa edificada por D. João de Almeida, 2º Conde de Abrantes. O espaço, mais tarde conhecido por Casa dos Arcos e atual Casa-Memória de Camões, foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1983.
Talvez o poeta se tenha cruzado à beira-rio com elementos da influente família Sande, Senhores de Punhete e responsáveis pela remodelação da Casa da Torre que conferiu ao castelo templário o aspeto de palácio quinhentista. Pelas mesmas margens passeou mais tarde D. Sebastião por ocasião do seu refúgio da peste que grassava em Lisboa, durante o qual assinou a carta régia de 1571 que elevou a vila a concelho e lhe concedeu autonomia administrativa de Abrantes.
A Confraria de Nossa Senhora dos Mártires erigiu um templo dedicado à sua padroeira na zona alta da vila por volta de 1635, igreja que viria a tornar-se matriz devido à devastação provocada pelas tropas do general Junot (1807) na antiga Igreja de São Julião. O culto religioso foi inicialmente transferido para a Igreja da Misericórdia e em 1822 passou definitivamente para a Igreja de Nossa Senhora dos Mártires. No ano anterior foi construído o novo pelourinho por ordem de D. João VI (Imóvel de Interesse Público desde 1933) pois o primeiro também não escapou à ira das invasões francesas.
A toponímia da vila foi alterada pela rainha D. Maria II no decreto de 7 de dezembro de 1836, com a substituição de “Punhete” por “Notável Vila da Constância”, em reconhecimento do apoio dos habitantes à causa liberal.
O contexto industrial dessa época ficou marcado pela construção da primeira ponte sobre o rio Tejo em território português, no ano de 1861, cuja estrutura afeta à circulação ferroviária seria substituída em 1890 sob a responsabilidade da Casa Eiffel. Começava assim o apogeu do caminho de ferro e o consequente declínio dos portos fluviais da região, agravado pelo aparecimento dos transportes de carga rodoviários e a construção de barragens na primeira metade do século XX.
A Torre foi demolida e os marítimos, importante classe social de outrora, desapareceram. Na vila ficou a beleza ímpar da união dos rios e a profunda devoção a Nossa Senhora da Boa Viagem, perpetuada pelas festas realizadas em sua honra com a colorida bênção dos barcos.
O município é constituído pelas freguesias de Constância, Montalvo e Santa Margarida da Coutada, sendo que a primeira possui a categoria de vila e constitui sede de concelho. A população das três freguesias é maioritariamente adulta, tendo mais de metade idades compreendidas entre os 25 e os 64 anos.
A área geográfica ocupada e o número de habitantes variam sobretudo entre a freguesia de Constância, cuja área corresponde a 11% do total municipal e apresenta os números populacionais mais baixos, e a freguesia de Santa Margarida da Coutada, que ultrapassa os 70% do território e alberga 40% da população do concelho. No que respeita à densidade populacional, destaca-se a freguesia de Constância com um valor muito próximo dos 115 habitantes por km2.
O tecido industrial de Constância caracteriza-se por uma especialização produtiva nas áreas do fabrico de mobiliário e papel, da madeira e dos materiais de transporte.
Os serviços ligados ao comércio por grosso e a retalho, bem como ao alojamento, restauração e similares correspondem a mais de um terço das empresas e sociedades sediadas no concelho, seguidos pelas indústrias transformadoras, que ultrapassam 10% do total. Esta tendência verifica-se, igualmente, no mercado de trabalho em que se destaca o setor terciário, empregador de 67,42% da população ativa, seguido pelos 30,21% do setor secundário. O peso do setor primário é bastante reduzido no que respeita ao mercado de trabalho e ao número de explorações agrícolas registadas.
Constância é um concelho que convida a...
Em suma, descobrir Constância é percorrer ruelas onde deambularam poetas e pintores, avistar borboletas, observar as estrelas, sentir a devoção dos homens do rio e das Irmãs Clarissas, participar em oficinas ambientais e adoçar o encontro entre o Tejo e o Zêzere com um Queijinho do Céu. O património classificado do concelho engloba a arquitetura civil com raízes históricas e os templos religiosos.
Ao longo do ano, o concelho celebra e partilha a sua identidade:
pela elevação da dança e música populares no Festival de Músicas do Mundo/Encontros no Tejo (julho/agosto) e a exibição de sons e letras na Feira do Livro e do Disco (novembro)
através do Grande Prémio em Atletismo (Páscoa) e a Prova de Orientação Noturna (junho)
ao reavivar a memória do período quinhentista nas Pomonas Camonianas, integradas nas comemorações do 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
através da Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem/Festas do Concelho (Páscoa), conhecidas pelas ruas floridas e a bênção dos barcos, a par da realização das Festas em honra de Santa Margarida (julho) e de Nossa Senhora da Assunção (agosto)
com a organização da Feira de Antiguidades e Velharias (junho)
FONTES
CIMT - Portal do Empreendedor, Fundação Francisco Manuel dos Santos (PORDATA – Base de Dados Portugal Contemporâneo), IGESPAR - Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, IGP - Instituto Geográfico Português (CAOP), INE – Instituto Nacional de Estatística (Censos 2011 e Recenseamento Geral da Agricultura 2009), Reorganização Administrativa de Freguesias (Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro), sites institucionais dos municípios associados e respetivas juntas de freguesia - informação recolhida em setembro de 2013.