O município de Alcanena está situado na sub-região do Médio Tejo (NUTS III), pertencente à região Centro (NUTS II). A área geográfica do concelho abrange 127,3 km2 e serve de ponto de encontro entre o maciço calcário estremenho e a bacia terciária do Tejo, estendendo-se por sete freguesias com um total de 13.868 alcanenenses.
A nível concelhio é demarcado por Ourém (nordeste), Torres Novas (este), Santarém (sul e sudoeste), Batalha (oeste) e Porto de Mós (noroeste).
Ao longo da época pré-histórica o Homem foi deixando sinais da sua passagem pelo território que hoje constitui o concelho de Alcanena, nomeadamente através da utilização de grutas-necrópole como o Algar do Barrão (Monsanto), a Lapa do Picareiro (Covão do Coelho/Minde) e a Gruta da Marmota (Cabeço das Figueirinhas).
Um dos traços mais distintivos da região surgiu no período do domínio árabe, até ao século VIII a.C., com a introdução das técnicas de curtimenta de peles pelos mouros, aos quais também se atribui a origem toponímica de Alcanena com os termos “alcalina” e “al-Kinan”, cabaça seca e lugar sombreado, respetivamente. No final do século XII, este povo seria expulso pelas tropas cristãs comandadas por D. Sancho I, rei que deu início a oito séculos de dependência administrativa destas terras ao recém-fundado concelho de Torres Novas através do foral de 1190.
Poucos anos após a sucessão de D. Sancho I por D. Afonso II surgiu a primeira referência à freguesia de Nossa Senhora da Graça de Bugalhos, cuja confraria se baseava no Compromisso datado de 1219. As outras confrarias medievais existentes na região (Alcanena e Monsanto) foram fundadas no século seguinte, possuindo Compromissos assinados no ano de 1353.
Nos séculos XVI e XVII, as duas igrejas do concelho classificadas como Imóvel de Interesse Público (1996) recebiam as suas formas atuais, com a edificação da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Matriz da Louriceira, em 1532, sobre um edifício religioso datado de meados do século XII, e a restauração da Igreja de Nossa Senhora da Assunção, Matriz de Minde, em 1648.
Em meados do século seguinte registaram-se mudanças administrativas significativas no território com a extinção do título de Marquês de Torres Novas e a integração de todos os seus senhorios no domínio da Coroa (1759) devido à associação deste título com o Ducado de Aveiro. Com efeito, D. José de Mascarenhas da Silva e Lencastre, oitavo duque de Aveiro, foi sentenciado no Processo dos Távoras por suposto envolvimento na tentativa de regicídio de D. José I. Cinco anos mais tarde, Alcanena e Monsanto passavam a integrar a Sétima Companhia da Capitania-Mor das Ordenanças.
A atividade têxtil consolidara-se, entretanto, dentro e fora do concelho com a participação dos negociantes de lãs e mantas em inúmeras feiras e mercados, nas quais falavam o calão minderico para organizarem as suas estratégias comerciais em segredo. A indústria dos curtumes era igualmente próspera, facto comprovado pelo brasão com coroa ducal encontrado na fachada de um edifício fabril e a respetiva inscrição, datada de 1792, que identifica o local como uma fábrica de sola com privilégio do governo pombalino. No mesmo ano era fundado o mercado de Alcanena.
Apesar da devastação provocada pela passagem dos exércitos napoleónicos na primeira (1807/08) e terceira (1810/11) invasões francesas, a região continuou a desenvolver-se, registando um aumento significativo no número de fogos recenseados e a instituição de Alcanena como julgado em 1875.
No ano de 1893 foi inaugurada a linha de Torres Novas a Alcanena, com oito estações distribuídas por cerca de vinte quilómetros, concessionada pela Companhia de Caminhos de Ferro de Torres Novas a Alcanena - S.A.R.L., empresa do Barão de Matosinhos. A circulação era feita numa via de bitola estreita, essencialmente assente sobre estradas, por uma única composição que se abastecia de água no Poço da Ponte do Peral. Os descarrilamentos constantes durante os três anos em que a linha se manteve em funcionamento e a reduzida dimensão do comboio valeram-lhe as denominações populares de “Rata Cega” ou “Comboio Menino”, perpetuadas na memória coletiva dos alcanenenses até aos dias de hoje.
O início do século XX ficaria marcado pelo apoio da população aos liberais na Implantação da República, a 5 de outubro de 1910, reforçado pelo mote “Para o País a República, para Alcanena o concelho”. Quatro anos depois, a 8 de maio de 1914, este ideal tornou-se realidade com a elevação de Alcanena a vila e sede de concelho, integrando freguesias pertencentes aos municípios de Torres Novas e Santarém.
A vila de Alcanena é a sede deste concelho que integra as freguesias mais antigas de Bugalhos, Minde (vila), Moitas Venda, Monsanto, Serra de Santo António, União das Freguesias de Alcanena e Vila Moreira, bem como União das Freguesias de Malhou, Louriceira e Espinheiro. A população das sete freguesias é maioritariamente adulta, estando mais de metade incluída na faixa etária dos 25 aos 64 anos.
As áreas geográficas oscilam entre os 6,5 km2 e os 35 km2, com destaque para a União das Freguesias de Malhou, Louriceira e Espinheiro, que ocupa mais de ¼ do território municipal, e para a freguesia de Moitas Venda, a mais pequena e menos populosa. O facto de um terço da população, cerca de 5.000 habitantes, se encontrar na União das Freguesias de Alcanena e Vila Moreira contribui para que esta freguesia apresente a densidade populacional mais elevada do município, por oposição à freguesia de Monsanto, cujo número de habitantes por km2 é sete vezes menor.
O tecido empresarial de Alcanena assenta nas indústrias seculares dos curtumes e dos têxteis, às quais se juntaram especializações produtivas mais recentes nas áreas dos materiais de construção, das máquinas industriais e da exploração florestal relacionada com o pinheiro bravo e o eucalipto.
O total de empresas e sociedades neste concelho é superior a 2.000 e representa cerca de 6,5% do Médio Tejo, com incidência nas atividades do comércio por grosso e a retalho e das indústrias transformadoras. O mercado de trabalho encontra-se, igualmente, orientado para os setores terciário (57,92%) e secundário (40,72%), caracterizando-se o setor primário por uma agricultura de subsistência, com registo de cerca de 730 explorações agrícolas e menos de 1,5% da população empregada a nível municipal.
Alcanena é um concelho que convida a...
Em suma, visitar Alcanena é encantar-se com as paisagens, comungar da fé nos templos, explorar os recantos naturais num mergulho ou caminhada, enaltecer a arte da aguarela, descobrir o Minderico e recordar a tradição de brincar com bonecas depois de saborear os Bolos Podres dos Santos. Um concelho cujo património classificado destaca a arquitetura religiosa e a ocupação humana desde a Pré-História.
Quer conhecer melhor este concelho e a região do Médio Tejo?
Poderá fazê-lo durante a sua visita à Biblioteca Municipal Dr. Carlos Nunes Ferreira, no espaço virtual PACAD - Programa de Animação Científica Artística Digital (parceria CIMT/Câmara Municipal de Alcanena).
Ao longo do ano, o concelho celebra e partilha a sua identidade:
com a divulgação da música no JazzMinde – Festival de Jazz de Minde (maio/junho), das letras na Feira do Livro (junho), a valorização das artes no Festival Materiais Diversos (setembro) e do colecionismo no Encontro Nacional de Colecionadores (novembro)
através dos festivais gastronómicos que destacam o Caracol (julho) e promovem a Cachola e a Morcela (novembro/dezembro)
ao comemorar a independência do município nas Festas do Concelho (maio) e a implantação da República nas Festas do 5 de Outubro
realizando inúmeras celebrações religiosas, como a Romaria de 5ª Feira da Ascensão (maio), a Festa do Espírito Santo e as Festas de S. Pedro (ambas em junho) e as Festas de Nossa Senhora da Encarnação (dezembro)
pela organização da Feira Anual de Minde (junho) e do Festival Internacional de Folclore (julho)
FONTES
CIMT - Portal do Empreendedor, Fundação Francisco Manuel dos Santos (PORDATA – Base de Dados Portugal Contemporâneo), IGESPAR - Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, IGP - Instituto Geográfico Português (CAOP), INE – Instituto Nacional de Estatística (Censos 2011 e Recenseamento Geral da Agricultura 2009), Reorganização Administrativa de Freguesias (Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro), sites institucionais dos municípios associados e respetivas juntas de freguesia - informação recolhida em setembro de 2013.